quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dona Cora


‎"É que tem mais chão nos meus olhos
do que cansaço nas minhas pernas,
mais esperança nos meus passos
do que tristeza nos meus ombros,
mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça."
Cora Coralina

terça-feira, 19 de junho de 2012

Só sei que é assim...

"O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã
Lá tem samba até de manhã, uma ginga em cada andar
O meu lugar é cercado de luta e suor
Esperança num mundo melhor 
e cerveja pra comemorar..."


Bolinha de gude, carrinho de rolimã, paçoca do Seu Zé, amarelinha, pegar rabeira em caminhão, ralar o joelho sem limites, leite com café, escola, briga de irmão, xingo de mãe... Saudosa infância, não é nostalgia o tema a ser tratado nessas linhas, mas a simplicidade das coisas.
Já reparou que quando se é criança tudo é ridiculamente mais simples? Não tem chefe, não tem prazo, não tem que ganhar dinheiro e nem salvar o mundo, só se for no esconde esconde e pros amigos mais próximos.  Não tem que pagar conta, só lá no Seu Zé do doce, não tem que se espiritualizar, intelectualizar ou outro ar qualquer. Não tem dor de amor, coração partido e não se parte o coração de ninguém, o máximo é uma dor de barriga e querer partir a cara do amiguinho num momento de crueldade infantil.


Enfim, tudo mais simples, tudo mais tranquilo. Aí você cresce e tem que dar conta de uma porção de coisas, mas faz parte dessa incrível aventura que é viver e se relacionar nesse mundão de meu Deus. Responsabilidades são vindas e algumas postas em nossas costas, o coração sofre, o peito cai, e tem o dinheiro, então você vai complicando tudo, para ser feliz tem que ter casa, companheiro(a), filhos, cachorro, emprego bom, tem que ser uma boa pessoa, e ser high tech... encher a casa de várias coisas, tem que ter um trabalho que te sustente, te de prazer e que ainda contribua para o mundo, seja lá em qual mundo você vive e respira.
Mas e daí? E com tudo isso se é feliz? E aí eu começo a atentar que é preciso descomplicar tudo, não é uma roupa cara que me faz feliz de fato, penso nisso quando me dou ao trabalho de olhar para o céu e ver a porrada de estrelas lindas que estão lá, isso me deixa feliz. Amigos me deixam feliz, principalmente em mesas de bar, ver que eu corri 10 km e o meu coração não foi pro beleléu, ver o cachorro se estabanar na porta de casa brincando, dar risada até doer a barriga e até chorar, sim chorar me faz lembrar que eu ainda tenho alguns sentimentos no peito.


Muito bicho grilo isso tudo? Não sei... Claro que a vida vai complicando e a gente também, porque ora bolas a vida é assim uai, mas as vezes acho que carregamos na tinta, exageramos demais, não conseguimos dar o peso real para aquilo que acontece de bom e de ruim, e aí a neblina toma conta de tudo como a chuva de hoje. A grande sacada é soprar a neblina, esperar ela passar e não perder de vista o que nos faz bem, as pequenas coisas, aquilo que hoje, nesse minuto está a nosso alcance. 
As vezes não se tem respostas para nossas perguntas e nossas inquietações, não compliquemos então, façamos como o Chicó do Auto da Compadecida, aceitemos que: "Não sei, só sei que foi assim..." Não criar expectativas, não complicar demais o que por si só já é um tedéu. Por que a vida tem muitas dificuldades mas poucas coisas são tão difíceis quanto acertar a pedrinha na casa 10 da amarelinha...