segunda-feira, 26 de março de 2018

O danone grego

Sempre fui uma apaixonada pela mitologia grega, isso não quer dizer necessariamente que eu manje horrores do assunto, pelo contrário, quanto mais leio sobre mais percebo a minha ignorância diante de tão vasto assunto. Mas que eu gosto, ah eu gosto...

Talvez todos os mitos gregos me remetam a algo ancestral, algo que toca o inconsciente e que me fascina ao explicar condições humanas de forma tão peculiar e de certa forma mágica, afinal é para isso que uma mitologia serve, explicar o mundo e nossa reles condição de forma por vezes grandiosa e exagerada. Exagero, talvez seja esse um temperinho mágico, tragédias incríveis acontecem, romances proibidos a la Perséfone e Hades, Apolo e as ninfas, ou coisas tão surreais quanto a mais bela das deusas ter nascido do saco de Urano que foi arremessado ao mar, coisa de louco.

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Quando estava na escola lembro-me de ter que ler e reler diversas lendas pertencentes a mitologia grega, tinha uma professora de história apaixonada por tudo que era grego, inclusive o marido dela era neto de gregos, taí alguém que levou o trem a sério. Certa feita ela comprou vários livros sobre o assunto destinados ao público juvenil e distribuiu entre os alunos para que lessem apresentassem um resumo e trocassem os mesmos. Eu era a única criatura que gostou dessa ideia, li todos, e a partir daí devo ter criado todo um imaginário de romances e ideias de beleza.

Sim, me amarrei nos gregos, queria eu quando crescesse não visitar a Grécia, o que faria de bom grado, mas queria ser grega, também ter um marido grego, filhos greguinhos com aquele nariz escândalo, enfim virei a louca do grego. Quando adolescente não melhorou, ainda mais porque daí conheci Dionísio, o simpático Deus do vinho, como não gostar dum cara desses? Celebrado em peças teatrais do grupo Oficina, celebrado em todas as reuniões animadas que se prezem, continuei fã dos caras.

E agora adulta me deparo com outra paixão: o danone grego, puxa o negócio é bom demais, claro que é....tem grego no nome, cremoso e gostoso. Além de terem sido o berço da civilização ocidental, mais em seus acertos do que nas coisas que deram errado, os gregos e sua mitologia deixaram gostos estéticos intruncados na minha pessoa, o bom disso tudo é que até um grego pra chamar de meu eu descolei.


domingo, 25 de março de 2018

Era ele, era eu, era o bacon.

"A gente não quer só comida, a gente quer comer e quer fazer amor." - Titãs

Num fim de semana qualquer.
Estávamos sentados, a mesa era branca dessas de plástico, aguardávamos a refeição da noite, já era tarde para quem gosta de comer em horários bons para digestão, mas você sabe, eu sei, a fome é eterna.

Nosso gosto pelo cotidiano nos levou a prestar atenção na conversa ao lado, homens fanfarrões contavam fanfarronices, lorotas, defendiam algo ou alguém, as bicicletas passavam velozes na rua, era um evento esportivo e a comida esperada era algo de fato muito nutritivo:

- Dois x-bacon prontos.
- Pega lá amor;
- Opa.

O lanche veio, grande e farto, e com bacons lindos, lindos. Bacon é uma das coisas mais gostosas do planeta, definitivamente é um dos grandes motivos do não vegetarianismo mundial. Abri o lanche, comi somente um pedaço de bacon, Deus existe, como o lanche era grande retirei um belo naco daquele elixir dos deuses e separei para depois.

- Olha só, o que é isso aqui?
- Opa, esse é meu pedaço de bacon que separei para depois.
- Ahhhhh.

Olhei a cara do meu companheiro, olhei o bacon, olhei meu coração e num momento de muita lucidez disse:

- Pode pegar pra você, é a maior prova de amor que posso lhe dar.

Ele riu, negou o bacon, era a maior prova de amor que ele podia me dar naquele momento. Sim, os ogros também amam.