sábado, 4 de junho de 2016

Pé atrás.

"Camarão que dorme a onda leva." - Beth Carvalho

Você sabe, você já ficou, ou talvez na pior ou melhor das hipóteses você que lê este pequeno texto é um senhor ou senhora "Pé atrás".

Significado: Metáfora utilizada em língua portuguesa (Brasil - Portugal) com a conotação de desconfiar, não ter confiança em uma pessoa ou situação.

O medo de ser enganado, passado para trás, deixado de lado e sofrer para caralho é uma constante na vida de qualquer ser humano que exista nesse mundão de meu Deus. Confiar em alguém ou em algo é uma arte a ser desenvolvida ao longo de uma vida toda, quiçá de várias vidas dependendo aí da sua crença, porque é difícil meu querido, é complicado... ainda mais se você como eu já tomou umas piabas na vida por confiar demais.



Daí caímos em outra expressão popular o famoso gato escaldado tem medo de água fria, embora alguns gatos gostem de água fria por incrível que pareça. Então você cria uma couraça, uma espécie de redoma onde você guarda os seus valiosos sentimentos para que fiquem a salvo de qualquer armadilha, você fica com o pézinho atrás. Esse pé atrás é o que você acredita que irá te salvar e te proteger, seria um impulso necessário para sair de uma queda ou para gingar e driblar uma situação desfavorável.

E você vive a vidinha assim, com o lazarento do pé trás, você ama, você acredita, se envolve mas sempre com aquele senão, aquela não entrega total de seu ser maravilhoso. O que é uma merda colossal, afinal de contas que raio de vida é essa onde você fica vivendo com medinho de sofrer e de entregar a qualquer coisa? Mas ainda assim você segue achando que tá tudo bem, tá tudo favorável, até que....tcha na na nam!!! Acontece alguma coisa que faz você rever isso tudo aí, aparece alguém ou uma situação que sorrateiramente tira o seu pé de trás desse corpinho sensual que vaga pelo mundo. 



Aí vem o pânico, cacete cadê aquele pézinho atrás tão confortável? Pois é meu bem, ele voltou para frente, para o lado, se aconchegando em outro pé ou não. Anos e milênios de pé atrás e você se acostuma, mas de repente ao ter esse pé retirado do local rotineiro se enxerga que esse novo lugar do pé também é bacana, também é maneiro. E as couraças se soltam, aquela redoma é uma mera lembrança em algum lugar embriagado de sua mente e você se sente pleno. 

Fragilmente pleno, afinal ainda se acredita que essa plenitude possa ser retirada a qualquer momento, mas não...o medo se foi e lá está você de peito aberto e majestoso, apenas olhando para o chão de vez em quando para ver se ele ainda está lá, como uma testemunha ocular de que toda aquela maravilha sem couraças que se vive é real. Tendo isso só resta se desejar boa viagem, agora com os dois pés do mesmo lado, e talvez com outros pés juntos, esquentando os seus nesse frio de inverno chegando.