quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pé na estrada baby...

"Viajo para conhecer minha própria geografia" - Mário Quintana

Desde tempos remotos a humanidade procura um elixir para suas frustrações, tristezas e corações partidos. Ou você acha que o chocolate surgiu por acidente? Foi uma receita calculada para acalentar os machucados emocionais dos homens bunda mole, tenho certeza disso. Acredito que uma das grandes coisas que um ser humano pode fazer por ele mesmo em qualquer momento da vida é viajar, principalmente se esse momento for tenso, confuso ou te deixar com o saco na lua.

Meter o pé na estrada é essencial, é mágico, é bom. Primeiro porque se tem a doce e necessária ilusão de que saindo de onde você está no momento se acaba deixando para trás o problema que te atormenta, mentira... o problema vai com você, esse lazarento perseguidor, mas pelo menos ele vai de férias, vai de bom humor e parece até menor do que é realmente. 



Segundo porque você sai de circulação, some do mapa, e tem finalmente a possibilidade de ficar sozinho ou extravasar as emoções em território desconhecido, ou melhor, em um território onde ninguém te conhece e nem vai lembrar das asneiras que você, após beber duas garrafas de vinho, pode fazer. E terceiro porque é muito legal conhecer um lugar novo, sentir novos cheiros, novos sabores, novas emoções, ver a estrada passar pelos seus olhos lhe mostra o quanto o mundo é grande e que muitas vezes apequenamos nossas vidas por uma limitação de estrada. 


 E aí meu amigo vale tudo, vale ir sozinho, com o amor, com amigos do peito e amigos sem peito, escondido como a fuga das galinhas ou como prefere meu pai em excursões muito animadas organizadas pela tia mais doida do bairro, para lugares muito família como São Tomé das Letras, a Parada Gay ou colônias naturistas.  

O importante é sair do lugar, respirar um ar fresco que vai trazer idéias frescas a sua mente cansada pela vida real do dia-a-dia. E viagens costumam render boas estórias para uma mesa de bar no fim de tarde, seja pela zica encontrada no caminho ou pelo beijo que você nunca vai esquecer, e francamente não importa a distância percorrida, pode ser 850 kilometros, pode ser 20, mas quantos a sua alma vai percorrer? No fim é isso que importa.

E não se iluda, a adversidade faz parte de qualquer boa viagem. Trilhas perigosas, chuva na hora errada, combustível que acaba, aquele chalézinho que você alugou pela internet e parecia tão lindo e que na hora do cara a cara se demonstra menor que a área do tanque da sua casa...enfim... tudo motivo de superação, risada e de criação. Sim, porque você que sempre vai acampar sem grana sabe que cozinhar com pouco é uma arte, sem fogo então é para poucos...bem poucos.

Quer curar o coração? Viaja meu bem, faça como o Rei Roberto: "Eu prefiro as curvas da estrada de Santos onde eu posso esquecer um amor que eu tive e vi pelo espelho, na distância se perder...", ou então como Cazuza: "Viver é bom nas curvas da estrada, solidão que nada...". Pra quem ainda não tem o desprendimento necessário para viajar vale a pena ler um livro muito legal chamado On the road, ou Pé na estrada na tradução, do escritor norte americano Jack Kerouac, e se a preguiça de ler for gigante veja o filme, uma viagem de caronas, jazz e poesia, amores e todas as intempéries que só a estrada pode te proporcionar. 

Inspirações a parte o importante é não perder de vista a idéia de se jogar nesse mundão de meu Deus, sem pensar muito, sem frescuras e nem cocotices, as melhores viagens não são as muito pensadas mas as muito sentidas. Afinal como disse Marcel Proust: "A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar somente novas paisagens, mas em ter novos olhos".

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