terça-feira, 14 de agosto de 2012

Música é perfume

Existem coisas que marcam a vida da gente, não estou falando de grandes acontecimentos, sejam eles trágicos ou maravilhosos, me refiro aqui ao detalhe, aqueles detalhes que ficam na nossa mente, no nosso corpo e na nossa alma.

Você já sentiu isso? Passar por um lugar e sentir um cheiro e se recordar de algo, dessa vida ou não vai saber... Um gosto que remete a uma lembrança, um sabor de uma comida qualquer e de repente é como se a gente estivesse em um determinado lugar, na casa da mãe da gente, em um mirante vendo o mar, sendo isso passado ou um futuro desejado.

E o perfume? Terrível isso de sentir um perfume e se recordar daquele que um dia já grudou em sua pele como uma roupa perfeita, terrível e gostoso ao mesmo tempo, sadismos do coração.


Música também é assim, uma vez assisti um documentário sobre a Maria Bethânia e ela dizia isso, que música era como perfume, uma música pode trazer do arcabouço da sua memória um momento, uma pessoa, um lugar. É só ouvir os acordes daquela melodia e aquela sensação adormecida vem de volta, como uma volta ao tempo, tempos bons, por favor não vale a pena só lembrar das desgraças e dificuldades, devemos lembrar de quando fomos amados, felizes, daquilo que foi gostoso e nos trouxe o brilho nos olhos, nem que seja por um instante, afinal a vida pode ser feliz, nem que seja por um instante, nem que seja por um triz.

E tem músicas que fazem a gente vislumbrar todo um cenário, seja pela melodia, seja pela letra... Quando eu ouço a música do Lenine, que vai logo abaixo para você tirar suas próprias impressões, eu sinto isso, é como se eu estivesse na praia ao lado de alguém muito querido, sentindo a maresia no rosto, aquele cheiro gostoso de mar, uma paz que invade a alma. Um gosto de um amor que ainda vive dentro de mim, um amor por várias coisas e por uma pessoa só. Sinto os cabelos jogados no vento, o olhar claro e uma saudade, mas não ruim, a saudade nem sempre é ruim, ela mostra pra gente o que é importante, independente de possíveis apegos, ah chega dessa estória de apego, as vezes é só um querer bem... simples assim.



sábado, 11 de agosto de 2012

Quando acabar o maluco sou eu

- Viu, psiu... o menina... tá tudo certinho aí com você?
- Tá sim moço, tudo tranquilo, dá um pouco de aflição mas daqui a pouco acaba né...
- Ah é verdade, esse troço pinica a gente né? 
- Pinica...
- Mas porque você veio parar aqui? 
- Ah eu tive um xilique em casa e a médica achou melhor me por no soro pra eu ficar tranquila.
- Hummm...
- E você?
- Ah eu tava em casa batendo a cabeça na parede e doeu um pouco demais dessa vez, então vim tomar uma dipirona, os caras aqui já me conhecem.
- Ah que jóia!
- Você acredita em Deus menina?
- Acredito, só espero que ele acredite em mim também...
- Sabe... Deus é bom, Deus é bom, mas as vezes ele fica nervoso né, aí o bicho pega, por isso que eu prefiro Jesus, mais gente da gente né, o cara morreu pra nos salvar... aí já mostra qual é a dele, mas Deus... fico meio assim...

E esse foi o diálogo travado entre a minha desidratada pessoa e um maluquete na sala de medicação de um pronto socorro. Quando eu achei que estava meio doida encontrei gente um pouco pior no meu caminho, se bem que o seu Pedro podia ser doido mas o conceito dele sobre Deus achei até interessante... será que eu sou doida também?

De médico e louco todo mundo tem um pouco, ou muito mesmo... Depois que saí do hospital fiquei pensando nisso, será que o mundo tá muito doido mesmo ou sou eu que estou bebendo demais? Como faz um certo tempo que não tomo umas doses fiquei com a primeira hipótese mesmo. Deve ser isso, sinais da modernidade, ou da pós-modernidade como preferem alguns acadêmicos chatos, muita gente, muito trabalho, pouco tempo livre, excesso de informação e uma porrada de coisas pra fazer, é de enlouquecer mesmo.

Mas fora todos esses fatores externos, existe a loucura própria, sim prezado leitor... você que está lendo isso aqui também tem suas loucurinhas secretas, o seu momento de piração total. Tem gente que vive isso 24 horas por dia, e tem gente que como eu e como você, espero, tem apenas uns surtinhos de loucura, porque de perto meu filho ninguém é normal.


E aí vale tudo né, porque a normalidade é um conceito muito do relativo, por exemplo; meus amigos mais caretas me acham muito doida e meus amigos doidinhos me acham muito careta, ou eu tenho amigos que se encontram somente nos extremos da coisa ou eu sou um pouco dos dois mesmo. e aí fica difícil né leitor, poxa... comer banana com nutella é loucura? Para mim não, mas para muita gente é...

Mas ser doido ou levemente doido tem suas vantagens, primeiro que os doidos são bem mais criativos, a demência e a genialidade costumam andar de mãos dadas, as vezes perigosamente de mãos dadas. O doido se diverte mais, ele ri de si mesmo, do outro e das merdas da vida, o problema é quando a doidice fica mais perto da depressão e da perversidade, mas aí já deixa de ser o maluco beleza e passamos a chamar o doido de psicopata, bem mais perigoso....

Ser doido ou não ser? Não sei se trata de uma opção, a gente já deve nascer com um parafuso a menos, ou dois, ou três... Mas eu ainda fecho com o Raul, a metamorfose ambulante me parece muito mais interessante  do que a normalidade, isso não quer dizer que eu babe e bate a cabeça na parede, bem... só de vez em quando...

Mas a minha loucura, assim como a de grande parcela dos pobres mortais, se refere a coisas ridículas, insignificantes, tipo mania de ficar tirando cravo da cara de desconhecidos, sim eu gosto de fazer isso. Quando olho a minha volta vejo coisas muito piores: desentendimentos por falta de comunicação, explosões de raiva sem sentido, agressividade gratuita, pessoas com medo de dar e receber carinho, gente que ouve Enya, pessoas que se ofendem gratuitamente, gente que não assume as coisas que precisa pra ser feliz, ou vive dependente da opinião alheia, enfim... um monte de coisas bizarras e doidas sim, pensando nisso tudo é que eu digo: e depois quando acabar ,meu amigo, o maluco sou eu.





quarta-feira, 4 de julho de 2012

Inspiração

"O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma." João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dona Cora


‎"É que tem mais chão nos meus olhos
do que cansaço nas minhas pernas,
mais esperança nos meus passos
do que tristeza nos meus ombros,
mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça."
Cora Coralina

terça-feira, 19 de junho de 2012

Só sei que é assim...

"O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã
Lá tem samba até de manhã, uma ginga em cada andar
O meu lugar é cercado de luta e suor
Esperança num mundo melhor 
e cerveja pra comemorar..."


Bolinha de gude, carrinho de rolimã, paçoca do Seu Zé, amarelinha, pegar rabeira em caminhão, ralar o joelho sem limites, leite com café, escola, briga de irmão, xingo de mãe... Saudosa infância, não é nostalgia o tema a ser tratado nessas linhas, mas a simplicidade das coisas.
Já reparou que quando se é criança tudo é ridiculamente mais simples? Não tem chefe, não tem prazo, não tem que ganhar dinheiro e nem salvar o mundo, só se for no esconde esconde e pros amigos mais próximos.  Não tem que pagar conta, só lá no Seu Zé do doce, não tem que se espiritualizar, intelectualizar ou outro ar qualquer. Não tem dor de amor, coração partido e não se parte o coração de ninguém, o máximo é uma dor de barriga e querer partir a cara do amiguinho num momento de crueldade infantil.


Enfim, tudo mais simples, tudo mais tranquilo. Aí você cresce e tem que dar conta de uma porção de coisas, mas faz parte dessa incrível aventura que é viver e se relacionar nesse mundão de meu Deus. Responsabilidades são vindas e algumas postas em nossas costas, o coração sofre, o peito cai, e tem o dinheiro, então você vai complicando tudo, para ser feliz tem que ter casa, companheiro(a), filhos, cachorro, emprego bom, tem que ser uma boa pessoa, e ser high tech... encher a casa de várias coisas, tem que ter um trabalho que te sustente, te de prazer e que ainda contribua para o mundo, seja lá em qual mundo você vive e respira.
Mas e daí? E com tudo isso se é feliz? E aí eu começo a atentar que é preciso descomplicar tudo, não é uma roupa cara que me faz feliz de fato, penso nisso quando me dou ao trabalho de olhar para o céu e ver a porrada de estrelas lindas que estão lá, isso me deixa feliz. Amigos me deixam feliz, principalmente em mesas de bar, ver que eu corri 10 km e o meu coração não foi pro beleléu, ver o cachorro se estabanar na porta de casa brincando, dar risada até doer a barriga e até chorar, sim chorar me faz lembrar que eu ainda tenho alguns sentimentos no peito.


Muito bicho grilo isso tudo? Não sei... Claro que a vida vai complicando e a gente também, porque ora bolas a vida é assim uai, mas as vezes acho que carregamos na tinta, exageramos demais, não conseguimos dar o peso real para aquilo que acontece de bom e de ruim, e aí a neblina toma conta de tudo como a chuva de hoje. A grande sacada é soprar a neblina, esperar ela passar e não perder de vista o que nos faz bem, as pequenas coisas, aquilo que hoje, nesse minuto está a nosso alcance. 
As vezes não se tem respostas para nossas perguntas e nossas inquietações, não compliquemos então, façamos como o Chicó do Auto da Compadecida, aceitemos que: "Não sei, só sei que foi assim..." Não criar expectativas, não complicar demais o que por si só já é um tedéu. Por que a vida tem muitas dificuldades mas poucas coisas são tão difíceis quanto acertar a pedrinha na casa 10 da amarelinha... 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Destino: verdade ou fanfarronice?

Em uma noite de um junho qualquer uma moça passeia pela praça da igreja e se depara com uma leitora de mãos. A leitura custa cinquenta centavos e a curiosidade do mundo todo, há uma grande fila no local mas nossa destemida heroína não se importa, afinal de contas é o destino dela que está em jogo. Chega o momento e a moça senta-se a frente da senhora dona dos dons especiais que a permitem decifrar a vida através dos vincos das mãos alheias:

- O que a senhora vê?
- Eu vejo que serás pobre...
- Ah vá, e o que mais?
- Vejo também que terá uma filha, trabalhará no que gosta e será muito querida...
- E o que mais?
- E só.
- Só? Não tem nada mais?
- Não.
- Marido, namorado, amante, gigolô, nada... nada?
- Ah sim, esse homem que você está agora não é para você, depois dele virá um outro que será o amor de sua  vida, seu grande companheiro e fiel escudeiro.

Pronto, era tudo o que a moça precisava, e queria, ouvir, mas ainda assim bateu um frio na alma, um arrepio....como assim não era o atual gato o amor de sua vida? Justo ele que ela amava mais que tudo, mais que todos, mais... E esse destino que se anunciava,
vindo direto de suas próprias mãos, seria ele real? Ela encontraria esse outro homem? Mas afinal de contas, o destino existe?

Destino, termo mágico para justificar grandes merdas que acontecem na vida e grandes maravilhas também. Quantas vezes você não ouviu alguém dizer "ah, mas isso é destino...", como se fosse algo imutável, uma armadilha da qual é inútil tentar escapar, como se fossemos reféns desse tar de destino.

E isso é algo tão complicado que nem o coitado do Aurélio consegue definir, segundo o dicionário Destino é: s.m.  "Entidade misteriosa que determina as vicissitudes da vida". Ou seja, algo do além que determina os rumos do barquinho agitado que é nossa vida, algo que provavelmente deve rachar de rir sabendo tudo o que vai acontecer, inclusive no que vai dar aquele flerte maroto seu.

Mas a humanidade é bicho tinhoso e nunca desistiu de tentar saber qual é a do Destino, desde tempos remotos buscando pistas de como será o futuro. Um dos mais antigos e famosos locais destinados a especulação sem limites sobre o destino é o Oráculo de Delfos, localizado na Grécia e consagrado ao Deus Apolo (O deus do amor) o oráculo funcionava como um intermédio entre os humanos e os deuses que sabiam do destino dos homens. As sacerdotisas do oráculo entravam em transe e conseguiam se conectar com o Olimpo, o Além e adjacências, trazendo respostas e enigmas para enlouquecer os ansiosos a respeito do futuro.

Desde então qualquer método que se propõe a adivinhar o futuro é chamado de oráculo, e estão espalhados aos montes por esse mundo de meu Deus: tarô, runas, búzios, borra do café, linha no óleo, bola de cristal, videntes, ciganas e por aí vai... Cada cultura apresenta sua contribuição para entender o que o destino reserva a nós, pobres mortais ansiosos e com faniquito de saber sobre nossa vida amorosa.



Sim, porque francamente... ninguém procura uma cartomante, um oráculo qualquer para saber da saúde, o que as pessoas querem é saber sobre o amor, sobre se vão pegar alguém até o fim do ano, se o fulano ainda gosta da beltrana, se sicrano tem sentimentos verdadeiros, se o namoro vai dar certo e por aí vai... No máximo alguma questão sobre dinheiro, trabalho, mas na essência é tudo sobre amor, paixões e sacanagens em geral, no melhor sentido do termo.

Mas como acreditar no que é dito, ouvido ou sentido? Será que faz sentido? E se for mentira, e se o destino for mutante e não estanque como se acredita? Então é possível mudar o destino e fazer da vida o que se bem entender ou de fato existe algo que escapa da nossa compreensão, e que nos toma, nos chega sem avisar, nem sempre no melhor momento, e que faz com que tudo vire uma zona, simplesmente porque era destino, estava escrito e iria acontecer quiséssemos ou não.

Não sei, mas quando penso no Destino imagino um senhor de bigode ruivo que deve rir muito de nós, ele que guarda os resultados, os prêmios, os amores, as curas e o futuro, deve rir da nossa limitação em aceitar que a maior parte das coisas que ocorrem na vida de fato não escolhemos ou não temos o menor controle. Talvez não seja o caso de achar que tudo está pré arranjado, mas perceber que existem coisas que escapam do nosso entendimento e controle.

A moça da leitura de mãos, agora solteira, aguarda ainda que um pouco descrente a última parte da leitura de suas mãos, acredita que o destino, esse fanfarrão, pode um dia ser benevolente e lhe trazer o que foi prometido, um amor, mas enquanto isso não acontece (se é que vai acontecer...) ela acha graça, acha mágico, e deixa o tempo passar... afinal de contas um pouco de magia na vida não faz mal a ninguém, ou faz?

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Baco e o telefone

Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Shiraz, Moscatel...

Grego?

Periquita, Miolo, Santa Helena, Barcarola, Viña Concha y Toro, Campo Ardosa...

Ainda grego?

Chapinha, Palmeiras, Sangue de Boi, Country Wine...

Agora sim heim, captou a informação? Sim, estamos falando sobre vinhos, essa maravilha inebriante que há séculos ajuda a humanidade a perder a vergonha, a fazer grandes amizades e as vezes grandes cagadas.


Vinho, a bebida criada por Baco para agitar suas festinhas no Olimpo. Esse Baco sabia das coisas, também conhecido por Dionísio na mitologia grega, Baco é filho de Júpiter, o Deus dos Deuses, com Semele, uma pobre e bela mortal.

Baco é o Deus responsável pelas vinas, pela transformação das uvas no seu Chapinha de todo o dia, é o Deus da festa, dos excessos, da natureza e imagino que do telefone também.

Sim, para mim é ele o responsável pelo hábito que acomete nove entre dez bêbados de ligar para pessoas em estado de total embriaguez. O sujeito toma lá umas duas doses e pronto, com os sentidos relaxados e a vergonha guardada em algum lugar obscuro de seu cérebro ele se apossa de um aparelho telefônico e liga para Deus e o mundo.

Tenho certeza que você já viu isso acontecer, aquele colega que depois de três tequilas resolve ligar para as pessoas passando trote e se auto-intitulando como Brócolis, uma amiga que tomada pela emoção depois de meia garrafa de vinho resolve ligar para todos os ex-alguma coisa, e até mesmo aquela pessoa normal, como eu, que depois de uma garrafa do líquido bacante liga para as pessoas simplesmente para expressar a enormidade do seu afeto com expressões do tipo: "Po, te considero pra caralho...", "Só queria dizer que eu te amo viu, eu te amo, eu TE AMO...", "Sinto sua falta, você é muito importante, te adoro meu...puta merda to chorando...é de carinho né...", e por aí vai...


A embriaguez associada aos meios de comunicação podem resultar em diversos efeitos, desde estreitamento de laços e revelação de paixões escondidas pelo tempo até desastres como melar o atual  romance do seu ex, provocar discórdias entre amigos e simplesmente acordar alguém na madrugada para contar a última piada do joãozinho.

Independente disso, o vinho é feito para celebrar bons momentos e esquecer dos maus, nesse frio que se inicia é uma boa pedida para aquecer almas e derreter os corações mais gélidos, liberando aquela verdade reprimida que existe dentro de nós. E além do mais ele é gostoso, perfumado, não se trata aqui de comentários enofilícos, enófilos... esses cheiradores de rolha, mas apenas de apreciar essa bebida criada tão magicamente por um Deus que mais era humano do que qualquer outra coisa. Evoé Baco.

domingo, 15 de abril de 2012

Domingo

E é como se fosse brisa, que passa no canto do olho e alivia e marca e deixa, não dá para pegar com os dedos, nem sentir seu cheiro, mas sua presença ainda resiste em algum canto de alma, num sentir agridoce, na palma da mão cuja sorte não se lê, não se desvela apenas se revela.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Enquanto isso no divã...

Eu quis amar, mas tive medo
e quis salvar, meu coração
Mas o amor sabe um segredo
o medo pode matar o seu coração...

Tudo é negociável, todos são analisáveis. Pare e pense: nós analisamos o outro o tempo todo, seus gestos, suas roupas, seus dizeres... é do humano fazer isso, não necessariamente isso é feito com uma má intenção, as vezes apenas por esporte ou pura curiosidade. E foi movida pela curiosidade de analisar não os outros mas eu mesma que fui parar no clichê máximo da análise: o divã!


Primeiro que não era o divã dos meus sonhos, meus sonhos como você querido leitor já deve ter percebido, são megalomaníacos, culpa do zodíaco claro... que me deu essa junção de sagitário e leão, imaginava eu um divã dourado, com brocados em bordô, mas não... trazida para a realidade pelo analista me deparei com duas simpáticas poltronas verdes.

Uma vez sentada me pus a fazer o que eu faço de melhor: falar, falar e falar... desde assuntos mais sérios até asneiras em geral. Fiquei com vergonha de ver como eu consigo falar tanto, o que na verdade é uma técnica de tímidos mais experientes, falar antes que o outro fale, abordar antes que o outro te aborde não necessariamente são atos de pessoas despojadas e seguras, mas podem dar segurança a pessoa que toma a iniciativa, eu acho...

Depois em casa fiquei pensando e pude resumir a minha incrível consulta em três palavras:

MEDO - É, eu sou meio cagona...
CULPA - Essa sem vergonha que assola majoritariamente o gênero feminino;
AMOR - Ai de mim que sou romântica...

Pois é, no fim todo o papo, aquela lenga lenga girou em torno desses dramas universais. Imagino que partindo desse raciocínio eu não sou tão diferente assim do resto da humanidade, o que me fez feliz, por outro lado com tantas questões importantes no mundo para resolver, olha a culpa, fome, miséria, analfabetismo... como que a minha existência ainda sente medo e fica pensando no amor? 

O medo tudo bem, eu tenho medo de aranha, de dizer não, de bege, de fazer bolo com ovo podre... enfim... normal, tá, talvez um pouco acima do normal... mas não chega a ser algo paralisante como em algumas pessoas, que se engessam por medos que dificilmente encontram ecos na vida real do dia a dia. Mas o amor?   Essa já não era uma questão superada? Eu já não reconstruí meu coraçãozinho milhares de vezes? E jã fui amada outras tantas...então me dei conta de que não, o meu coração ainda é um terreno pantanoso e esperançoso, talvez um pouco gélido... mas mais vivo do que eu imaginava.

E a culpa? Bem, digamos que agora nesse momento depois de ingerir uma alta quantidade de gorduras, carboidratos e álcool eu esteja com uma certa culpa... 

Mas apesar disso tudo, fico com a impressão de que nem tudo é analisável, é impossível captar o que vai no coração do outro, pode auxiliar sem dúvida a uma compreensão mais plena de si, mas a totalidade só nós conhecemos, esse mundão que vai aqui dentro é nosso e devemos deixá-lo sempre habitável e florido, eu acho pelo menos... ah é, isso foi bonito, o moço me disse que eu tenho flores nos olhos, claro que isso deve ter uma conotação científica qualquer, ah mas que se dane a ciência, eu achei foi poético demais...flores nos olhos....lindo não é?

terça-feira, 27 de março de 2012

Versos para uma terça feira

E lá vai a morena mexer tudo de novo, revirar o baú de folhas esquecidas, relembrar as rendas que fazia e as cores que em sua face luzia. Vai beber água da cuia, pisar devagar na grama pra não a machucar... mas se preciso for vai dançar bem forte e bater o pé, se sentindo dona de tudo aquilo que é. E lá vai a menina, vai sem pressa...
Quando o vento soprar ela vai, quando a água tocar seus pés estará em casa, sentir os aromas, remexer o caldeirão da vida, manjerona, alecrim, ouro, vozes, amarelo e vermelho, todas as cores e jeitos, um beijo, mil amores, e se sentires dor não se preocupe e não se acanhe, a flor também é ferida aberta e não vemos chorar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Versinhos para um dia de sol

Sim, não bastando a minha insistente mania de escrever crônicas eu também escrevo versos. São muito singelos, pueris e amadores, mas é o que a gente consegue...
Hoje particularmente acordei com a sensação de que devia algo ao mundo, mas o mundo não me devia nada, ele inclusive me dá bastante...então olhando o céu azul me pus a escrever versinhos como uma singela e talvez estúpida contribuição ao mundo.
Ando um tanto pensativa, sinto saudades... estou nostálgica, queria que o mundo me permitisse amar a todos aqueles que eu gostaria, mas a vida não é tão fácil assim, cada escolha uma renúncia, e quando não se escolhe? Nós não controlamos tudo, aliás não controlamos nada... corre-se o risco de não poder escolher apenas ser escolhido. E tem a fase em que você protela tudo, todas as possibilidades de escolha... Ah aí a vida escolhe por você e te tira de circulação de algum momento, de algum lugar, de alguma alma...
Tudo muito doido? Imagina, mulheres são super simples...


"Serenidade, leveza, malemolência... é pra vida e pro agora, pro doutor e pra senhora, pra nossa estrada rumo afora. Voa quem quiser voar... que as asas não tem dono senão o vento, o que importa é sentimento, sendo puro e de bom intento. Que o universo não deixe secar nada, nossos sonhos, nossas alegrias, onde há água há vida, onde há vida há esperança... onde há esperança não há amargura, há apenas a possibilidade infinita do amor."

"O sol aparece por entre a neblina, o café já cheira gostoso combinando com as flores do ipê florido, as mães amamentam seus filhos e os cachorros se espreguiçam no quintal... gosto do barulho da casca do pão quando quebra... nas ruas pernas apressadas e desejos de bom dia, opa... o trem apitou... é a vida pedindo passagem pelos trilhos de ferro.."

E é isso, por hoje, pelo dia ensolarado de hoje...