sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Quantas vezes acaba?

"Acabou chorare, ficou tudo lindo, de manhã cedinho..." - Novos Baianos.

Perdi novamente, sei que é chavão dizer isso a essa altura do campeonato, mas eu perdi. São quinze pra meia noite, estou sentada na cadeira do escritório de frente a janela, lá fora o silêncio, a Frida roncando e o céu estrelado. Nada. Absolutamente nada ainda. Abri um vinho chileno que ganhei de presente por tentar ser uma professora razoavelmente digna. Nada. O fim do mundo previsto para hoje ainda não aconteceu, nada aconteceu.

Já não faço ideia de quantos fins do mundo perdi. O mais remoto que me lembro foi o do ano 1999, no dia 09 de setembro, uma pena, lembro que torci deveras pelo fim da trajetória humana na Terra como dizia Banda Eva, nesse dia tinha faxina em casa, pode parecer um motivo imbecil mas naquela véspera de fim de mundo parecia algo extremamente plausível. Detestava faxina. Hoje lido melhor com a questão da limpeza extrema num dia qualquer da semana, mas o fim do mundo....ahhh esse sempre me impressionou.
 

Quando era pequena não em Barbacena mas em Pirituba, certa vez assisti com meu pai um documentário sobre o Nostradamus, aquele cara que era meio adivinho e meio picareta, quase um brasileiro da gema. Pois bem, foi ali que as profecias do fim do mundo começaram a me impressionar, depois disso eu pouquíssimo católica resolvi ler o livro do Apocalipse da bíblia, fiquei passada com a descrição do rolê do fim do mundo, treta mesmo, das grossas. Depois disso estudei as grandes extinções e percebi que o mundo não acaba, acaba apenas pra quem vai pro beleléu, quem fica e sobrevive começa um novo ciclo nessa mãe Terra teimosa.

De Nostradamus pra cá muita gente prevê o fim do mundo, o fim dos tempos, desde a já citada e saudosa Banda Eva até o pessoal da Nasa, que segundo notícias deste último fim do mundo estava encobertando o grande acontecimento. Eu continuo aqui, vinho, janela, blues, ronco da cachorra, silêncio, o silêncio das estrelas lembrando que é muita pretensão nossa achar que sacamos quando é o término de tudo, e que talvez seria mais salutar sabermos quais são os nosso fins individuais, mentais, passionais, de crenças e de pensamentos, porque esse fim de mundo, fim de gente, fim de ciclo até dá para cogitar e se debruçar, agora o fim do mundo? Sigo aqui na janela, vai que rola...