segunda-feira, 31 de julho de 2017

Retorno

"Mais retorno, mais retorno....vamo lá Vitória Régia..." - Tim Maia


Adoro dicionários, tem quem não goste ache chato e enfadonho, eu não...acho uma coisa o dicionário. O dicionário é seu amigo, um livrinho cheio de amor e significados das palavras mais comuns e mais estranhas da nossa língua mãe. Tendo registrada a minha declaração vamos ao que interessa:

Retorno - sm, 1- Volta, regresso, 2- Nas estradas de rodagem, via própria para regressar sem cortar a mão de direção.

Um tempo atrás me deparei frequentemente com este termo, retorno, ora na vida real do dia a dia, ora nas reclamações sinceras de amigos e corações aflitos, e quem diria até nas músicas escuitadas no meu retorno às canções das raízes caipiras.Mas de que se trata tanto retorno, tanta insistência nesse vocábulo que parece tão saudosista? Simples prezado leitor: carecemos de retorno, não somente eu essa criatura carente por natureza e firme por opção, mas a humanidade, tudo, até os meus cachorros anseiam por retorno e eu faço o que posso.


Retorno querido, até o mais calhorda dos seres humanos quer retorno, retorno de uma ligação, de uma frase cheia de carinho, retorno de um sorriso dado num dia que você estava mal a beça. Retorno paixão. O caixa do mercado também quer quando ele te dá um bom dia, ou quando ele espera o seu. Retorno de uma preocupação e empenho qualquer num dia qualquer num assunto qualquer,  se preocupe também, demonstre....um bom retorno carece de demonstração explicita em palavras bem articuladas, em textos redigidos a bic ou a grafite num papel de pão, em olhares expressivos e em gestos e gestos e gestos.

Retorno a um tempo passado? Tem quem curte, eu estou fora, o passado não tem retorno senhores, é apenas uma grande ilha de edição na nossa mente, já dizia o incrível Wally Salomão. Retorno baby, a volta do que eu te dei, a volta do que me deram, a lei do retorno universal, o que fizeres de bem ou mal retorna, não, não... o que tratamos aqui é maior do que questões esotéricas, é o eco inaudível de sentimentos e energias, é isso que a gente quer ouvir em coro gregoriano, em neon rosa que até os olhos ouçam, o eco que vem do outro, dos outros, de você, de mim, acorda outro, acorda você, acorda eu.

Mas tem que fazer as coisas sem pensar se o outro vai fazer por você, sem esperar nada em troca, uma ova! Com todo o respeito, mas uma ova...não se trata de egoísmos cristãos, mas sim de fomentar a troca permanente em tudo, a reciprocidade geral pra geral e em geral, sacou? Não? Quais foram seus últimos retornos dados e recebidos? E aquela ligação esperada até hoje? Aquele como vai você a la Roberto Carlos? Aquele sorriso pra tia que entrega papéis na rua? Pense e dance....e como já dizia Tim Maia: retorno, mais retorno!!!



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Síndrome de Kleenex

" Eu quis amar mas tive medo e quis salvar meu coração." - Água de beber - Tom Jobim


Se você já gostou de alguém e se deu mal sabe do que se trata esse texto, já viveu na pele, ficou sem dormir, ou evitou fazer uma porrada de coisas apenas por medo, receio e temor de ser jogado fora. Sim companheirx, a história se repete ao longo da história da humanidade, você gosta de alguém, dá o seu melhor, dá carinho, dá amor, dá, e o que acontece?

 De repente, não mais que de repente você é lançado fora da vida do ser pelo qual se apaixonara, este ser objeto de seu afeto mais profundo te joga fora, te joga fora da vida dele como um copo descartável em festinha infantil, como o palito que sobra do chicabon, como um lenço de papel que acabou de limpar o nariz....


E você se sente um merda, a última das criaturas, incapaz de despertar o encantamento até no pinscher da sua tia, acabou pra você, o amor não é um território gostoso como cantam as baladinhas melosas, o amor passa a ser aquele território inóspito e sofrido das modas sertanejas. E então em um ato de desespero e sofreguidão, e drama muito drama, você tranca seu coração e joga a chave dentro de uma caixinha de fósforos e joga no mar pra Iemanjá ou um siri qualquer cuidar...

Sim queridxs, e a partir daí o pior acontece: você ser humano visceral e cheio de paixão e amor se coloca a margem das aventuras de afrodite, você não se envolve, não ama, não gosta, não gasta porque tem medo. Cagaço, pavor, paúra, tudo lhe acomete trazendo a lembrança de que um dia você foi um lencinho de papel Kleenex (são mais macios que a média), descartável, sem uso, sem valor. e ao menor sinal de envolvimento você cai fora antes de ser catarrado e lançado ao primeiro cesto de lixo da rua.

Não meu caro leitor, não deixe que isso lhe acometa, meta uma capa de coragem na lomba e saia pra rua com o peito aberto, alvo dos cupidos que trabalham por aí, não desista da aventura de amar e ser amado. Só porque você encontrou uma meia dúzia de pessoas que não lhe quiseram não quer dizer que não possa encontrar mais meia dúzia que lhe queira louca e apaixonadamente. Supere a frieza do passado e se aqueça para um presente gostosinho, deixe o medo de lá, já dizia Tom: "O medo pode matar o seu coração", beba da água , beba do medo, beba do prazer dos olhares trocados, do segundo que antecede o beijo, do cheiro da pele que não é sua e nunca será, aceite isso, estamos de empréstimo meu amor.

Você não será mais lencinho, e se for que seja para enxugar a saliva que derrama depois do beijo, os fluídos generosos de uma boa noite de sacanagem e/ou amor, ou que seja para secar as suas próprias lágrimas, ao descobrir que ainda é possível, que ainda está vivo, sentindo e doando amor.





Memória musical

Quem nunca cantarolou um pagodinho anos 90 que atire o primeiro pandeiro. SIM, aqueles pagodinhos melódicos grudentos, Katinguelê, Soweto, Negritude Jr e por aí vai.
Eu sei, é terrível, eu sei, ao mesmo tempo é maravilhoso. Venha reviver esse sentimento de repulsa e adoração nessa véspera de feriado prolongado, deixa a emoção fluir e cante o refrão nessa versão maravilhosa de um dos grandes hits bregas do pagodinho cafona.