sábado, 23 de dezembro de 2017

Tem mas acabou

A safada frase que dá título a este pequenino escrito é de um disco, um disco de uma banda mineira que ouvi muito anos atrás, e que segue um clipezinho logo abaixo. Mas o que importa é que ela sintetiza esse fim de ano, fim esse que me deu algumas ideias de texto porém, porém, quando visitei esse meu pequeno espaço virtual me deparei com aquilo que é constante na minha vida: deixei algumas coisas inacabadas.

Pois é...e todo fim de ano é a mesma coisa, eu sagitariana mais atrapalhada que sei lá o quê tento, geralmente em vão, colocar as últimas coisas em ordem, o Sprint final, as últimas passadas com a energia do ano vigente, acertar as contas, pagar os boletos, faxinar, enfim....coisas mil na tentativa de entrar no próximo ano zerada, branca tal qual um bom sulfite.

Como então acabar o ano se ainda tem coisas pra fazer, como escrever sobre o fim se na pasta de rascunhos existem sete textos para serem terminados, provavelmente os que eu não consegui escrever nos últimos meses, atrapalhada entre figurinos de dança, aulas, bobagens diversas, cabeça cheia e bolso vazio e um gato cego, então esse é o lance, não escreverei sobre mais um fim de ano, chavão dos chavões, escreverei textos antigamente começados e futuramente terminados.

Pois é, tem coisa mas acabou o ano já né....

Vamos ver se essa meta é batida até o fim do ano, se for meu bem, ahhh 2018 que me aguarde que eu já começo acreditando.
















segunda-feira, 31 de julho de 2017

Retorno

"Mais retorno, mais retorno....vamo lá Vitória Régia..." - Tim Maia


Adoro dicionários, tem quem não goste ache chato e enfadonho, eu não...acho uma coisa o dicionário. O dicionário é seu amigo, um livrinho cheio de amor e significados das palavras mais comuns e mais estranhas da nossa língua mãe. Tendo registrada a minha declaração vamos ao que interessa:

Retorno - sm, 1- Volta, regresso, 2- Nas estradas de rodagem, via própria para regressar sem cortar a mão de direção.

Um tempo atrás me deparei frequentemente com este termo, retorno, ora na vida real do dia a dia, ora nas reclamações sinceras de amigos e corações aflitos, e quem diria até nas músicas escuitadas no meu retorno às canções das raízes caipiras.Mas de que se trata tanto retorno, tanta insistência nesse vocábulo que parece tão saudosista? Simples prezado leitor: carecemos de retorno, não somente eu essa criatura carente por natureza e firme por opção, mas a humanidade, tudo, até os meus cachorros anseiam por retorno e eu faço o que posso.


Retorno querido, até o mais calhorda dos seres humanos quer retorno, retorno de uma ligação, de uma frase cheia de carinho, retorno de um sorriso dado num dia que você estava mal a beça. Retorno paixão. O caixa do mercado também quer quando ele te dá um bom dia, ou quando ele espera o seu. Retorno de uma preocupação e empenho qualquer num dia qualquer num assunto qualquer,  se preocupe também, demonstre....um bom retorno carece de demonstração explicita em palavras bem articuladas, em textos redigidos a bic ou a grafite num papel de pão, em olhares expressivos e em gestos e gestos e gestos.

Retorno a um tempo passado? Tem quem curte, eu estou fora, o passado não tem retorno senhores, é apenas uma grande ilha de edição na nossa mente, já dizia o incrível Wally Salomão. Retorno baby, a volta do que eu te dei, a volta do que me deram, a lei do retorno universal, o que fizeres de bem ou mal retorna, não, não... o que tratamos aqui é maior do que questões esotéricas, é o eco inaudível de sentimentos e energias, é isso que a gente quer ouvir em coro gregoriano, em neon rosa que até os olhos ouçam, o eco que vem do outro, dos outros, de você, de mim, acorda outro, acorda você, acorda eu.

Mas tem que fazer as coisas sem pensar se o outro vai fazer por você, sem esperar nada em troca, uma ova! Com todo o respeito, mas uma ova...não se trata de egoísmos cristãos, mas sim de fomentar a troca permanente em tudo, a reciprocidade geral pra geral e em geral, sacou? Não? Quais foram seus últimos retornos dados e recebidos? E aquela ligação esperada até hoje? Aquele como vai você a la Roberto Carlos? Aquele sorriso pra tia que entrega papéis na rua? Pense e dance....e como já dizia Tim Maia: retorno, mais retorno!!!



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Síndrome de Kleenex

" Eu quis amar mas tive medo e quis salvar meu coração." - Água de beber - Tom Jobim


Se você já gostou de alguém e se deu mal sabe do que se trata esse texto, já viveu na pele, ficou sem dormir, ou evitou fazer uma porrada de coisas apenas por medo, receio e temor de ser jogado fora. Sim companheirx, a história se repete ao longo da história da humanidade, você gosta de alguém, dá o seu melhor, dá carinho, dá amor, dá, e o que acontece?

 De repente, não mais que de repente você é lançado fora da vida do ser pelo qual se apaixonara, este ser objeto de seu afeto mais profundo te joga fora, te joga fora da vida dele como um copo descartável em festinha infantil, como o palito que sobra do chicabon, como um lenço de papel que acabou de limpar o nariz....


E você se sente um merda, a última das criaturas, incapaz de despertar o encantamento até no pinscher da sua tia, acabou pra você, o amor não é um território gostoso como cantam as baladinhas melosas, o amor passa a ser aquele território inóspito e sofrido das modas sertanejas. E então em um ato de desespero e sofreguidão, e drama muito drama, você tranca seu coração e joga a chave dentro de uma caixinha de fósforos e joga no mar pra Iemanjá ou um siri qualquer cuidar...

Sim queridxs, e a partir daí o pior acontece: você ser humano visceral e cheio de paixão e amor se coloca a margem das aventuras de afrodite, você não se envolve, não ama, não gosta, não gasta porque tem medo. Cagaço, pavor, paúra, tudo lhe acomete trazendo a lembrança de que um dia você foi um lencinho de papel Kleenex (são mais macios que a média), descartável, sem uso, sem valor. e ao menor sinal de envolvimento você cai fora antes de ser catarrado e lançado ao primeiro cesto de lixo da rua.

Não meu caro leitor, não deixe que isso lhe acometa, meta uma capa de coragem na lomba e saia pra rua com o peito aberto, alvo dos cupidos que trabalham por aí, não desista da aventura de amar e ser amado. Só porque você encontrou uma meia dúzia de pessoas que não lhe quiseram não quer dizer que não possa encontrar mais meia dúzia que lhe queira louca e apaixonadamente. Supere a frieza do passado e se aqueça para um presente gostosinho, deixe o medo de lá, já dizia Tom: "O medo pode matar o seu coração", beba da água , beba do medo, beba do prazer dos olhares trocados, do segundo que antecede o beijo, do cheiro da pele que não é sua e nunca será, aceite isso, estamos de empréstimo meu amor.

Você não será mais lencinho, e se for que seja para enxugar a saliva que derrama depois do beijo, os fluídos generosos de uma boa noite de sacanagem e/ou amor, ou que seja para secar as suas próprias lágrimas, ao descobrir que ainda é possível, que ainda está vivo, sentindo e doando amor.





Memória musical

Quem nunca cantarolou um pagodinho anos 90 que atire o primeiro pandeiro. SIM, aqueles pagodinhos melódicos grudentos, Katinguelê, Soweto, Negritude Jr e por aí vai.
Eu sei, é terrível, eu sei, ao mesmo tempo é maravilhoso. Venha reviver esse sentimento de repulsa e adoração nessa véspera de feriado prolongado, deixa a emoção fluir e cante o refrão nessa versão maravilhosa de um dos grandes hits bregas do pagodinho cafona.



terça-feira, 13 de junho de 2017

Aquilo

Trecho 1.


Quase não percebi, sabe aquelas coisas que não se nota ao primeiro olhar, primeira passada? Pois bem, não percebi. Não me recordo o dia da semana, tampouco o estopim, a fagulha de abrir os olhos, só me lembro do rasgo feito a palavras, do rasgo fundo, feito a mão levantada, voz erguida, do rasgo raso de hoje, preenchido com som e fúria e afeto. Sentada na cadeira de madeira, conchas na mão, papel de assoar nariz, choro derrubado no copo de água. Sozinha. Era eu. Era um corpo só, alma só, rasgo só. As plantas rasgadas, os livros no chão. Caixa.Fita crepe. Olho inchado. Soluço. Paz. Solidão. Madrugada. Aquilo.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Tendo a lua

        A rotina te puxa de um lado, de estica do outro, te revira pelo avesso e você vai deixando a poeira dos dias cobrir coisas maravilhosamente irrelevantes, ou não, depende do ponto de vista. Agora há pouco fui dar uma volta no bairro com minhas feras assassinas...dois vira latas pretos e com um grau de sem vergonhice poucas vezes visto no mundo canino, pois bem eles estavam agitados e logo descobri porquê, lá em cima naquele céuzão de meu Deus pairava soberana a lua cheia.

     A lua como todos sabemos através da sabedoria popular, mexe com tudo, com os bichos então é um verdadeiro tedéu, imagino que também mexa com os humores da gente sabe, andei irritadiça o dia todo e ao ver aquela lua maravilhosa foi como se o encantamento mais ancestral me tocasse. Senti paz, senti magia, senti uma breguice sem fim...

     E como me senti pequena, pequenina, quase que ridícula. Todos aqueles problemas, aquele coração na garganta, aquele chocolate devorado como se o apocalipse fosse amanhã, tudo parecia pequeno diante daquela imensidão de luz no meio daquele céu índigo escuro. Quantas pessoas olharam aquela mesma lua em outros tempos, de outros jeitos e lugares, com outras dores e amores? Quantos amantes brigaram ou se amassaram gostosamente embaixo daquela mesma lua? Quantas guerras e mesquinharias humanas aquela mesma lua clareou no interior da noite? A lua testemunha ocular das passadas dessa humanidade muito louca, testemunha e inspiradora de quantos pedidos de namoro e casamento? De quantas trepadas espetaculares e abandonos pós coito?

      Quantos poetas ´buscaram inspiração naquela visão que me assombra os olhos desde pequena, desde que eu ouvi no toca discos: "Rua, espada nua, bóia no céu imensa e amarela...tão redonda lua, como flutua...", ah Jobim, olhaste a lua quantas vezes para escrever melodias tão doces? E de devaneio em devaneio eu que me sentia tão miúda, me vi em todos aqueles olhos que tempo após tempo olhou aquela bola de luz sobre a minha cabeça, e isso acalmou meu coração.
 
 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Quantas vezes acaba?

"Acabou chorare, ficou tudo lindo, de manhã cedinho..." - Novos Baianos.

Perdi novamente, sei que é chavão dizer isso a essa altura do campeonato, mas eu perdi. São quinze pra meia noite, estou sentada na cadeira do escritório de frente a janela, lá fora o silêncio, a Frida roncando e o céu estrelado. Nada. Absolutamente nada ainda. Abri um vinho chileno que ganhei de presente por tentar ser uma professora razoavelmente digna. Nada. O fim do mundo previsto para hoje ainda não aconteceu, nada aconteceu.

Já não faço ideia de quantos fins do mundo perdi. O mais remoto que me lembro foi o do ano 1999, no dia 09 de setembro, uma pena, lembro que torci deveras pelo fim da trajetória humana na Terra como dizia Banda Eva, nesse dia tinha faxina em casa, pode parecer um motivo imbecil mas naquela véspera de fim de mundo parecia algo extremamente plausível. Detestava faxina. Hoje lido melhor com a questão da limpeza extrema num dia qualquer da semana, mas o fim do mundo....ahhh esse sempre me impressionou.
 

Quando era pequena não em Barbacena mas em Pirituba, certa vez assisti com meu pai um documentário sobre o Nostradamus, aquele cara que era meio adivinho e meio picareta, quase um brasileiro da gema. Pois bem, foi ali que as profecias do fim do mundo começaram a me impressionar, depois disso eu pouquíssimo católica resolvi ler o livro do Apocalipse da bíblia, fiquei passada com a descrição do rolê do fim do mundo, treta mesmo, das grossas. Depois disso estudei as grandes extinções e percebi que o mundo não acaba, acaba apenas pra quem vai pro beleléu, quem fica e sobrevive começa um novo ciclo nessa mãe Terra teimosa.

De Nostradamus pra cá muita gente prevê o fim do mundo, o fim dos tempos, desde a já citada e saudosa Banda Eva até o pessoal da Nasa, que segundo notícias deste último fim do mundo estava encobertando o grande acontecimento. Eu continuo aqui, vinho, janela, blues, ronco da cachorra, silêncio, o silêncio das estrelas lembrando que é muita pretensão nossa achar que sacamos quando é o término de tudo, e que talvez seria mais salutar sabermos quais são os nosso fins individuais, mentais, passionais, de crenças e de pensamentos, porque esse fim de mundo, fim de gente, fim de ciclo até dá para cogitar e se debruçar, agora o fim do mundo? Sigo aqui na janela, vai que rola...