sábado, 11 de agosto de 2012

Quando acabar o maluco sou eu

- Viu, psiu... o menina... tá tudo certinho aí com você?
- Tá sim moço, tudo tranquilo, dá um pouco de aflição mas daqui a pouco acaba né...
- Ah é verdade, esse troço pinica a gente né? 
- Pinica...
- Mas porque você veio parar aqui? 
- Ah eu tive um xilique em casa e a médica achou melhor me por no soro pra eu ficar tranquila.
- Hummm...
- E você?
- Ah eu tava em casa batendo a cabeça na parede e doeu um pouco demais dessa vez, então vim tomar uma dipirona, os caras aqui já me conhecem.
- Ah que jóia!
- Você acredita em Deus menina?
- Acredito, só espero que ele acredite em mim também...
- Sabe... Deus é bom, Deus é bom, mas as vezes ele fica nervoso né, aí o bicho pega, por isso que eu prefiro Jesus, mais gente da gente né, o cara morreu pra nos salvar... aí já mostra qual é a dele, mas Deus... fico meio assim...

E esse foi o diálogo travado entre a minha desidratada pessoa e um maluquete na sala de medicação de um pronto socorro. Quando eu achei que estava meio doida encontrei gente um pouco pior no meu caminho, se bem que o seu Pedro podia ser doido mas o conceito dele sobre Deus achei até interessante... será que eu sou doida também?

De médico e louco todo mundo tem um pouco, ou muito mesmo... Depois que saí do hospital fiquei pensando nisso, será que o mundo tá muito doido mesmo ou sou eu que estou bebendo demais? Como faz um certo tempo que não tomo umas doses fiquei com a primeira hipótese mesmo. Deve ser isso, sinais da modernidade, ou da pós-modernidade como preferem alguns acadêmicos chatos, muita gente, muito trabalho, pouco tempo livre, excesso de informação e uma porrada de coisas pra fazer, é de enlouquecer mesmo.

Mas fora todos esses fatores externos, existe a loucura própria, sim prezado leitor... você que está lendo isso aqui também tem suas loucurinhas secretas, o seu momento de piração total. Tem gente que vive isso 24 horas por dia, e tem gente que como eu e como você, espero, tem apenas uns surtinhos de loucura, porque de perto meu filho ninguém é normal.


E aí vale tudo né, porque a normalidade é um conceito muito do relativo, por exemplo; meus amigos mais caretas me acham muito doida e meus amigos doidinhos me acham muito careta, ou eu tenho amigos que se encontram somente nos extremos da coisa ou eu sou um pouco dos dois mesmo. e aí fica difícil né leitor, poxa... comer banana com nutella é loucura? Para mim não, mas para muita gente é...

Mas ser doido ou levemente doido tem suas vantagens, primeiro que os doidos são bem mais criativos, a demência e a genialidade costumam andar de mãos dadas, as vezes perigosamente de mãos dadas. O doido se diverte mais, ele ri de si mesmo, do outro e das merdas da vida, o problema é quando a doidice fica mais perto da depressão e da perversidade, mas aí já deixa de ser o maluco beleza e passamos a chamar o doido de psicopata, bem mais perigoso....

Ser doido ou não ser? Não sei se trata de uma opção, a gente já deve nascer com um parafuso a menos, ou dois, ou três... Mas eu ainda fecho com o Raul, a metamorfose ambulante me parece muito mais interessante  do que a normalidade, isso não quer dizer que eu babe e bate a cabeça na parede, bem... só de vez em quando...

Mas a minha loucura, assim como a de grande parcela dos pobres mortais, se refere a coisas ridículas, insignificantes, tipo mania de ficar tirando cravo da cara de desconhecidos, sim eu gosto de fazer isso. Quando olho a minha volta vejo coisas muito piores: desentendimentos por falta de comunicação, explosões de raiva sem sentido, agressividade gratuita, pessoas com medo de dar e receber carinho, gente que ouve Enya, pessoas que se ofendem gratuitamente, gente que não assume as coisas que precisa pra ser feliz, ou vive dependente da opinião alheia, enfim... um monte de coisas bizarras e doidas sim, pensando nisso tudo é que eu digo: e depois quando acabar ,meu amigo, o maluco sou eu.





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