domingo, 17 de abril de 2016

Meninos e lobos

"Garotos como eu sempre tão espertos, perto de uma mulher são só garotos." - Leoni

Não importa a idade, não importa o quanto ganha, o que faz da vida, quanto sofreu ou sofre, o time do coração, a posição política nesse inferno de mentes obscuras brasileiras, quem é a mãe, onde nasceu...

Nada disso importa, homens são sempre meninos. Seja no discurso rídiculo da imensa maioria do nosso inacreditável congresso e sua nostalgia do programa da Xuxa, seja nas reuniões de pais na escola, nas reuniões artísticas de música e teatro ou mesmo no mais antropológico dos lugares para se estudar o comportamento masculino: o churrasco, todos meninos...

Digo churrasco porque é o momento mais propício para esses sinceros e carinhosos devaneios, carinhosos com exceção claro da corja política. Estava eu desfilando minha pessoa em um desses simpáticos eventos sociais e pude observar o que já vinha observando há muito tempo: homens não crescem.

O que eu particularmente acho uma graça, com exceção do pagamento de contas conjuntas que costuma ser uma das searas mais difíceis numa relação, seara essa que graças ao universo não pertenço mais. Acho uma graça, me compadeço, chego a ficar até emocionada como de fato fiquei ao ouvir um homem de quase 1,90 m de altura cantar músicas feitas pelo seu falecido pai, pessoa incrível diga-se de passagem. Cantava com uma saudade e olhos infantis, acompanhado pelo olhar atento e generoso de seus companheiros, que soltavam piadas a todo tempo, das coisas mais bestas, das coisas mais bacanas, a zuação eterna entre homens, sim, como na sexta série.

Brincadeiras com o espeto, com a coitada da linguiça e uns com os outros sem frescura regadas a muita cerveja, que vem nesse caso substituir o picolé e os doces de bar. E as micagens? As imitações uns dos outros? Os abraços apertados e as juras de carinho ao fim do evento, lá pelas tantas da manhã? Pueril e gracioso, leve como nós mulheres as vezes não sabemos ser...

E as mulheres do evento? Estavam lá, namoradas, amigas, umas graças também mas não se ousavam misturar com aquele universo tão particular, universo esse que graças a inúmeros churrascos de família com tios e primos estou acostumada e faço gosto de pertencer. Mesmo porque os meninos também podem se transformar em alguns instantes em belos lobos, acolhedores, carinhosos e fortes como tais.

Meninices, leves e libertárias, para enfrentar a rudeza que a sociedade lhes impõe, choros livres para drenar os sentimentos que não podem ser expressados em qualquer lugar mas que em ombro amigo está liberado.


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