domingo, 1 de maio de 2016

Vendavais e os mistérios do destino

"Da bruma leve das paixões que vem de dentro tu vem chegando pra brincar no meu quintal." Alceu Valença.

Vendaval, você já viu um desses, aquela ventania sem fim que anuncia o começo ou o fim de uma grande chuva ou tempestade. O vento levando folhas, sentimentos, papéis caídos no chão, poeira levantando e os seus cabelos tampando sua visão. Dessa forma você tão somente sente aquele frescor, o coração a se perguntar que raios é isso? Lembra da roupa no varal, da janela aberta que esqueceu saindo apressadamente, de comprar um guarda chuva para ter com que se proteger nesses casos.

Proteção, como se um reles guarda chuva pudesse te proteger no meio do vendaval, no meio daquela aguaceira que ameaça cair e que por vezes cai no vão dos olhos, entre conversas e desatinos, entre nuvens cinzentas e o chão de terra que você pisa. Chão esse que parece não estar mais abaixo dos seus pézinhos sujos, é como se levitasse acima de qualquer coisa passada, acima do por vir que se desconhece.



Daí você corre, como qualquer mortal, afim de se se resguardar, de não se molhar e correr o risco de adoecer, intempéries ocasionadas pela idade, e sofrer. Corre, busca abrigo, tenta entender de onde vem aquilo tudo, mas é tão bom o vento, ele acalma dores e relembra a sensação de estar vivo. Uma sensação clara que o coração te aponta em cada batida, em cada respiro mais fundo, em cada perfume adocicado daquele chão.

Debaixo daquela laje mais generosa encontrada no meio da rua o pensamento vagueia, você sabia que iria chover, de algum modo bizarro e sem confirmações no bendito Climatempo, mas você sabia que esse vendaval chegaria e a chuva cairia sobre sua cabeça. Se lembra da moça da loja de bolos que havia lhe assinalado com a possibilidade de chuva num futuro distante, das sensações que já havia sentido ao sentir o cheiro adocicado, da velha senhora que lhe havia afirmado que o destino é certo, pode ser adiado é verdade, mas certo é, você encontraria esse vendaval em certo tempo quando estivesse distraído e sem guarda chuva, querendo apenas passear pelas ruas e pessoas.

E o vendaval vem urgente, como se estivesse atrasado, como se quisesse despejar sobre a terra toda a chuva prometida, como num grande encontro, um misterioso encontro entre o vento e as águas, entre o medo e a felicidade, entre a certeza e a ilusória negação, sim está ventando, sim, está chovendo e o que quero é dançar em meio a bela tempestade que se anuncia.

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