quarta-feira, 5 de julho de 2017

Síndrome de Kleenex

" Eu quis amar mas tive medo e quis salvar meu coração." - Água de beber - Tom Jobim


Se você já gostou de alguém e se deu mal sabe do que se trata esse texto, já viveu na pele, ficou sem dormir, ou evitou fazer uma porrada de coisas apenas por medo, receio e temor de ser jogado fora. Sim companheirx, a história se repete ao longo da história da humanidade, você gosta de alguém, dá o seu melhor, dá carinho, dá amor, dá, e o que acontece?

 De repente, não mais que de repente você é lançado fora da vida do ser pelo qual se apaixonara, este ser objeto de seu afeto mais profundo te joga fora, te joga fora da vida dele como um copo descartável em festinha infantil, como o palito que sobra do chicabon, como um lenço de papel que acabou de limpar o nariz....


E você se sente um merda, a última das criaturas, incapaz de despertar o encantamento até no pinscher da sua tia, acabou pra você, o amor não é um território gostoso como cantam as baladinhas melosas, o amor passa a ser aquele território inóspito e sofrido das modas sertanejas. E então em um ato de desespero e sofreguidão, e drama muito drama, você tranca seu coração e joga a chave dentro de uma caixinha de fósforos e joga no mar pra Iemanjá ou um siri qualquer cuidar...

Sim queridxs, e a partir daí o pior acontece: você ser humano visceral e cheio de paixão e amor se coloca a margem das aventuras de afrodite, você não se envolve, não ama, não gosta, não gasta porque tem medo. Cagaço, pavor, paúra, tudo lhe acomete trazendo a lembrança de que um dia você foi um lencinho de papel Kleenex (são mais macios que a média), descartável, sem uso, sem valor. e ao menor sinal de envolvimento você cai fora antes de ser catarrado e lançado ao primeiro cesto de lixo da rua.

Não meu caro leitor, não deixe que isso lhe acometa, meta uma capa de coragem na lomba e saia pra rua com o peito aberto, alvo dos cupidos que trabalham por aí, não desista da aventura de amar e ser amado. Só porque você encontrou uma meia dúzia de pessoas que não lhe quiseram não quer dizer que não possa encontrar mais meia dúzia que lhe queira louca e apaixonadamente. Supere a frieza do passado e se aqueça para um presente gostosinho, deixe o medo de lá, já dizia Tom: "O medo pode matar o seu coração", beba da água , beba do medo, beba do prazer dos olhares trocados, do segundo que antecede o beijo, do cheiro da pele que não é sua e nunca será, aceite isso, estamos de empréstimo meu amor.

Você não será mais lencinho, e se for que seja para enxugar a saliva que derrama depois do beijo, os fluídos generosos de uma boa noite de sacanagem e/ou amor, ou que seja para secar as suas próprias lágrimas, ao descobrir que ainda é possível, que ainda está vivo, sentindo e doando amor.





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