terça-feira, 9 de julho de 2013

Quem conta um conto...

Sempre ouvi que era uma pessoa exagerada, sempre, desde pequena quando a professora de português pediu para a turma escrever um texto com uma estória e eu fiz praticamente um roteiro de novela mexicana com cerca de vinte páginas de pura emoção, segundo a professora eu havia exagerado um pouco embora ela tenha se emocionado com a estória de Diva Aparecida, a mulher sem o dedo mindinho e que tinha o dom de parar o tempo.

No entanto a minha característica levemente exagerada não chega a aumentar um fato ocorrido a ponto dele ficar distorcido da realidade, talvez um cadinho só, mas não chega no ditado "quem conta um conto, aumenta um ponto".

Sim querido leitor, porque é isso que ocorre com a maior parte de nós, brasileiros de sangue latino, nós temos a habilidade de transformar o mais tedioso dos fatos em uma cena digna de constar nos momentos mais inquietantes da Odisséia de Homero.



Você já presenciou uma cena dessas, eu também, como no outro dia que uma senhora chegou desesperada no trabalho dizendo que havia ocorrido um acidente horrível na rua, minutos depois vem a Dona Rosa e diz que houve um acidente tenebroso na rua, um carro havia batido na ponte, minutos depois o faxineiro disse que não só era horrível o acidente como havia acidentado um menino que passava e que o carro estava destruído, saí na rua pra ver e encontrei a dona do carro, pois é... havia um arranhão no mesmo, a ponte continuava inteira e o tal do menino tinha estourado a havaiana, e ria...

E quando aquela sua tia vem contar a estória que ouviu do fulano que é amigo da sicrana que é prima da mulher que foi pega com dois anões dentro de um fusca? Fofoca aumentada certeza... Sem falar no seu próprio exagero, sim leitor porque eu sei que você também exagera... Como uma amiga minha que diante de uma freada brusca do carro do namorado disse que viu a morte de perto...olha o drama...

Mas a verdade é que sem aumentar um pouco parece que as coisas retornam a banalidade do dia a dia, então porque não por um pouco mais de emoção na coisa? Mas as vezes se carrega tanto na tinta que o efeito é o contrário: alívio.



Certa feita minha irmã fez uma tatuagem escondida, com medo da reação de meu pai minha mãe foi preparando o coitado, disse que tinha acontecido algo terrível com a minha irmã, mas que ela não tinha muita culpa, que era mal da idade e por aí vai, cozinhou o cérebro do coitado até ele pensar em coisas das mais terríveis possíveis. Chegando em casa pediu pra ver minha irmã, quando ela mostrou a tatuagem ele caiu confortado de alívio no sofá, achava que ela tinha ficado grávida, prostituída, afundada no crack.... No fim achou até bonitinha a tal da tatuagem, dos males o menor dizia ele...

Pois é exageros a parte, eu também devo ter exagerado nos relatos, mas é isso que dá o tom... dá emoção, afinal como diz uma amiga minha quando vai contar algo: quer com emoção ou sem?



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